terça-feira, 28 de fevereiro de 2012










Zéta, a bruxa do norte havia se mudado
para uma velha casa de pedra.
No seu jardim plantado de cores,
mágicas sementes plantadas
viravam palavras.
(Você já viu semente virar palavra,
ou palavra virar semente?)
Formigas de dia vinham, 
de noite caracóis iam, 
e nada mais agradava à bruxa Zéta 
do que olhar a cobra Cobra 
quieta na toca.
Do sul viria a bruxa Zô,
visitar sua amiga do norte,
vassoura nova e vontade forte,
atravessou o oceano,
esse era o secreto plano.
A viagem foi tranquila, 
alguns urubus ciumentos 
quiseram tirar proveito, 
jogar seus excrementos,
mas a velha bruxa, 
com seu olho de holofote 
espantou os agourentos
colocando-os a espanar 
nuvens de grande porte, 
de gases fedorentos.
A bruxa Zéta morava num lugar com rios,
cachoeiras, grutas e casas antigas.
Logo quis revelar um segredo, 
já que há séculos se conheciam e eram amigas.
Foram serelepes a passear
rumo às cavernas milenares, 
onde todos os ares
são antigos como o mundo, 
no seu inicio estelar.
A entrada para a caverna onde o segredo
a desvendar seria colocado à luz do dia,
um mistério antigo, um verdadeiro enredo,
Zeta sorria, Zô tão curiosa, quem diria! 
Desceram centenas de metros 
dentro da cova,
escadas de pedra 
mostravam onde 
o segredo se esconde, 
entre fungos e escuridão, 
da parede sombria,
no fundo do inverso torreão,
pingos de ouro escorriam!
Eis que, a bruxa Zeta,
tocando estes pingos com os dedos,
fez saltar estrelas, pequenos brilhos,
com asas e sinos.
Os brilhos recém-nascidos, caindo, dançando,
letrinhas pulsantes.  
Todos tem nome com A, B, C e aí por diante.
Então, esse era o segredo!
Nada de sapos, lagartos ou
pó de degredo!
O que seria senão bruxaria?
A mais pura lenda, mistura
de história com
as horas da infância,
que, em ultima instância,
faz com que, aos poucos, na vida,
se escolha uma sina.
Seguir como purpurina,
ou ser criança, 
de verdade, como Helena,
Marcelus ou JoGabriel,
Antonio ou Nina.
© Isolde Bosak - Texto e ilustrações 

NINHO









A ave choca,
espera o ovo abrir
para sair da toca,
olha, volta e sorri

Abre as asas
abraça, com seu bico afaga
cada pedacinho
de amor no seu ninho

Prepara com carinho
o primeiro voo,
dá comidinha na boca,
limpa as peninhas,
cata piolhinho
e um dia empurra do ninho

É assim vida de passarinho,
sair do ovo, cantar, voar,
começar tudo de novo